sexta-feira, 6 de julho de 2012

Bichos de estimação, quem tem cuida!


Bichos de estimação, quem tem cuida!

                                                         Por: Ary Soares dos Santos (*)


Qual seu bicho de estimação? Um cachorro! Esta provavelmente seria a resposta mais comum em uma hipotética pesquisa junto à população brasileira. Gatos provavelmente viriam em segundo. Entretanto, dado a grande biodiversidade que o mundo dispõe, trata-se de raciocínio altamente especulativo elaborar uma lista de quantas espécies animais estão em posse da população humana.

Cachorros e gatos, assim como todos os animais “irracionais” adotados como bichos de estimação, foram antes de domesticados, silvestres. Foram necessários séculos de convívio para que se alcançasse o padrão de convivência quase simbiótica que temos no momento. O ser humano ao longo de sua presença na face da Terra sempre foi afeiçoado a tudo que a natureza proporciona.

Difícil entender como foi constituído o preconceito em volta de alguns determinados apegos por certas espécies de animais. Ressalto aqui, o estigma que, por exemplo, ronda criadores de pássaros. Pássaros, independente da espécie, assim como os mamíferos cachorros e gatos, tem origem na natureza. As matrizes em geral não nasceram domesticadas. Em algum momento, por motivos diversos, foram retirados da vida silvestre e adaptados ao convívio humano.

Técnicas atuais propiciam, a partir de matrizes legalmente estabelecidas, a multiplicação de indivíduos, propiciando assim que os aficionados por inúmeras espécies possam adquirir seu animal de estimação de origem legal. Guardadas as proporções, assim como alguém compra um filhote de cachorro ou gato em uma loja, este também pode comprar um pássaro para obter o mesmo objetivo, ou seja, um bicho de estimação.

Ainda tentando entender o preconceito que ronda tais criadores, poderíamos aqui elencar inúmeras espécies que também são legalmente comercializadas e criadas. Apenas para ficarmos em dois exemplos, cito: peixes (os ornamentais, criados em aquários); repteis (iguana é uma delas, alguns criam cobras). Enfim são centenas as espécies que ao longo do tempo foram conquistadas ou conquistaram a paixão humana.

Ironicamente, muitos dos que condenam criadores de pássaros, tem em seu domínio um cachorro; um gato; um aquário com peixes ou outra espécie. Estes, conceitualmente, do ponto de vista do “animal de estimação” não mantém qualquer diferença ante ao dono de um pássaro. Cachorros e gatos passaram por melhoramentos genéticos, cruzando se espécies diferentes, gerando inclusas, novas espécies. Pássaros têm passado por processos semelhantes, nascidos sob domínio de criadores, que tiveram acessos legalmente a matrizes, são oferecidos hoje, varias espécies, que assim como outras espécies de bichos, tem cumprido o papel de fazer companhia ao ser humano.

O combate a ilegalidade é e deve continuar sendo obrigação de nossas políticas de proteção à vida silvestre, e deve contar com o apoio da sociedade. O respeito ao direito daqueles que optaram por adquirir legalmente e criar seu pássaro ou qualquer outra espécie animal, deve ser respeitado, pois o fazem dentro dos princípios legais. Aqueles que se arvoram na condenação preconceituosa dos “bichos de estimação”, alegando dentre outras questões amor à liberdade das espécies, deve ter em mente, que sua própria existência, é resultado do conflito secular entre nós humanos e o ambiente natural que nos antecedeu.

Alias, conceituados pesquisadores, vêem na criação comercial de animais silvestres, uma importante estratégia conservacionista, visto que reduz assim, a pressão sobre animais na natureza.

Em tempo: meu bicho de estimação é um cachorro da raça shitzu. Resido em um apartamento. E você, qual seu bicho?



(*) Mestre em Geografia, Analista Ambiental do IBAMA em Goiás.

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