Bichos de estimação, quem tem cuida!
Por: Ary Soares dos Santos (*)
Qual seu bicho de estimação? Um
cachorro! Esta provavelmente seria a resposta mais comum em uma hipotética pesquisa
junto à população brasileira. Gatos provavelmente viriam em segundo.
Entretanto, dado a grande biodiversidade que o mundo dispõe, trata-se de
raciocínio altamente especulativo elaborar uma lista de quantas espécies
animais estão em posse da população humana.
Cachorros e gatos, assim como
todos os animais “irracionais” adotados como bichos de estimação, foram antes
de domesticados, silvestres. Foram necessários séculos de convívio para que se
alcançasse o padrão de convivência quase simbiótica que temos no momento. O ser
humano ao longo de sua presença na face da Terra sempre foi afeiçoado a tudo
que a natureza proporciona.
Difícil entender como foi
constituído o preconceito em volta de alguns determinados apegos por certas
espécies de animais. Ressalto aqui, o estigma que, por exemplo, ronda criadores
de pássaros. Pássaros, independente da espécie, assim como os mamíferos
cachorros e gatos, tem origem na natureza. As matrizes em geral não nasceram
domesticadas. Em algum momento, por motivos diversos, foram retirados da vida
silvestre e adaptados ao convívio humano.
Técnicas atuais propiciam, a
partir de matrizes legalmente estabelecidas, a multiplicação de indivíduos,
propiciando assim que os aficionados por inúmeras espécies possam adquirir seu
animal de estimação de origem legal. Guardadas as proporções, assim como alguém
compra um filhote de cachorro ou gato em uma loja, este também pode comprar um
pássaro para obter o mesmo objetivo, ou seja, um bicho de estimação.
Ainda tentando entender o
preconceito que ronda tais criadores, poderíamos aqui elencar inúmeras espécies
que também são legalmente comercializadas e criadas. Apenas para ficarmos em
dois exemplos, cito: peixes (os ornamentais, criados em aquários); repteis
(iguana é uma delas, alguns criam cobras). Enfim são centenas as espécies que
ao longo do tempo foram conquistadas ou conquistaram a paixão humana.
Ironicamente, muitos dos que
condenam criadores de pássaros, tem em seu domínio um cachorro; um gato; um
aquário com peixes ou outra espécie. Estes, conceitualmente, do ponto de vista
do “animal de estimação” não mantém qualquer diferença ante ao dono de um
pássaro. Cachorros e gatos passaram por melhoramentos genéticos, cruzando se
espécies diferentes, gerando inclusas, novas espécies. Pássaros têm passado por
processos semelhantes, nascidos sob domínio de criadores, que tiveram acessos
legalmente a matrizes, são oferecidos hoje, varias espécies, que assim como
outras espécies de bichos, tem cumprido o papel de fazer companhia ao ser
humano.
O combate a ilegalidade é e deve
continuar sendo obrigação de nossas políticas de proteção à vida silvestre, e
deve contar com o apoio da sociedade. O respeito ao direito daqueles que
optaram por adquirir legalmente e criar seu pássaro ou qualquer outra espécie
animal, deve ser respeitado, pois o fazem dentro dos princípios legais. Aqueles
que se arvoram na condenação preconceituosa dos “bichos de estimação”, alegando
dentre outras questões amor à liberdade das espécies, deve ter em mente, que
sua própria existência, é resultado do conflito secular entre nós humanos e o
ambiente natural que nos antecedeu.
Alias, conceituados
pesquisadores, vêem na criação comercial de animais silvestres, uma importante
estratégia conservacionista, visto que reduz assim, a pressão sobre animais na
natureza.
Em tempo: meu bicho de estimação
é um cachorro da raça shitzu. Resido em um apartamento. E você, qual seu bicho?
(*) Mestre em Geografia, Analista
Ambiental do IBAMA em Goiás.