domingo, 25 de novembro de 2012

Por uma cidade sustentável, para ciclistas e bicicleteiros.



Ary Soares (*)

(Artigo publicado no Jornal Hoje http://www.ohoje.com.br/pageflip/2213/index.html - pagina 4, em 25.11.2012).

Nos dias 5 e 27 de outubro de 2011, publiquei no HOJE (em Opinião), minhas percepções e opiniões sobre aspectos de nosso transito e transporte público. Retomo agora com outro tema correlato: Mobilidade, abordando a bicicleta como meio de transporte.
Percebe-se uma positiva mudança na forma de gestão da cidade. Ciclovias, ainda que de formas experimentais e pontuais, começam a ser implantadas. O ritmo dessa implantação pode e vai melhorar, afinal, o prefeito reeleito baseou seus compromissos de campanha na sustentabilidade e para que alcance o prometido, um dos caminhos é investir em transporte e mobilidade.
Fui bicicleteiro em Goiânia por alguns anos, parte deste tempo usei a “magrela” ou “aranha” para fazer o deslocamento de casa para o trabalho. Outra parte, uns três anos, a usei como ferramenta de trabalho. Cruzava a cidade sob sol ou chuva, de leste a oeste, de norte a sul, pedalando. Ela, a bicicleta, neste período, foi a grande responsável por meu salário, afinal como cobrador eu era comissionado, o rendimento financeiro, era resultado direto de outro rendimento, o esforço físico.
Estou retomando agora a bicicleta como meio de deslocamento no trajeto: casa-trabalho-casa. Comprovo, infelizmente, uma antiga avaliação: Goiânia, que apresenta boas condições para uso deste meio de transporte, com poucas declividades a exigir um maior empenho do bicicleteiro, ainda não esta pensada para este público.
O que temos até o momento, são iniciativas que, timidamente, buscam atender o ciclista. Explico: ciclista, por minha conceituação, é aquele que tem na bicicleta um meio de lazer e esporte, bicicleteiro, é aquele tem na bicicleta seu meio de transporte cotidiano ou de ganha-pão. O ciclista, muitas das vezes, coloca a bicicleta no carro e se desloca ao local que lhe oferece condições de uso, por exemplo: segurança. O bicicleteiro já sai de casa pedalando.
Proponho aqui, alternativas a meu ver simples e de baixo custo de implantação, dentre elas, que seja definido algumas ruas paralelas a eixos de transporte e nessas ruas impor formas de uso que privilegiem o bicicleteiro, exemplo: transformar a Rua 115 (paralela a Marginal Botafogo) em via de mão única (uma parte dela já é!) e definir como exclusiva ou prioritária uma das faixas hoje destinadas a estacionamento, para uso de ciclistas e bicicleteiros, adicionando nesta formula limite de velocidade aos veículos motorizados que por ali continuaram a transitar.
Idêntico ao exemplo da Rua 115, a cidade oferece inúmeras alternativas de conexão paralelas a outros eixos de transporte. Espero mais ousadia do Governo Municipal, para fazer de Goiânia uma cidade aprazível e segura para o uso de bicicletas. Goiânia, uma cidade sustentável, precisa trilhar este caminho.

(*) Ary Soares é Especialista e Mestre em Geografia e Analista Ambiental do IBAMA em Goiás aryssantos@hotmail.com