Artigo publicado em O Popular (Opinião, pg 09), em 22/04/2012
Goiânia rediviva
Por: Ary Soares dos
Santos (*)
Por questões diversas, dentre
elas, inchaço populacional e crescimento desordenado, fenômenos que vicejaram
em gestões administrativas ao longo da historia da cidade, Goiânia viu seu
plano original ser drasticamente alterado. Entretanto de certa forma, ela,
Goiânia, tem dado mostras que não aceitou perder ao menos parte do DNA nela
fundido por um de seus geneticistas: o arquiteto Atílio Correia Lima.
Readequar-se ao seu plano
original obviamente está totalmente fora de qualquer que seja o plano político
de seus próximos administradores. Como imaginar esta conurbada metrópole do
Cerrado se adequar aos projetados 50 mil habitantes imaginados por seus
idealizadores? É possível, no entanto, com políticas de médio e longo prazo,
resgatar parte de seu plano original. Felizmente, estamos presenciando ao menos
parte disso.
Ao que me recorde, foi
especialmente após a gestão do Prefeito Darci Acorsi, eleito em 1992, que a
cidade passou a vivenciar experiências urbanísticas que passaram a levar em
conta o resgate de parte de seu plano original. Isso tornou compromisso de
todas as gestões subsequentes. A criação de parques ambientais passou desde
então a compor os programas públicos. Um marco dessa retomada é o Parque
Vaca-Brava, incrustado em uma das regiões de maior densidade populacional da
cidade.
Após ele, o Vaca-Brava, as
administrações seguintes, de forma combinada ou não, mantiveram a salutar
disputa em entrar para a história, como aquela que maior colaboração deu para
fazer de Goiânia “a capital mais verde do país”. Ganha a cidade, ganhamos nós!
Além dos inúmeros parques
ambientais que foram e continuam sendo criados, nossos gestores passaram também
a ter maior respeito com os fundos de vales. Dentre outros investimentos, políticas
de remoção de moradores que habitam essas “áreas de risco” tem sido associadas
a todos os programas de habitações populares. Tais políticas, além de ser
elemento básico para o resgate dessas áreas, propiciam maior dignidade aos
moradores que são relocados. Estamos longe do ideal da cidade que queremos, mas
basta compararmos Goiânia com outras cidades de porte semelhante que se
perceberá o quanto ela e seus habitantes tem ganhado com isso.
Retomando o arquiteto Atílio
Correia Lima, e os administradores recentes, ressalto aqui o projeto de maior
envergadura: Macambira-Anicuns. Este projeto, além de resgatar parte dos ideais
de Atílio, comprova a tese da continuidade administrativa que temos
experimentado neste quesito. Independente do prefeito ou partido no comando, no
contexto ambiental, tem havido, apesar da enorme distancia ao plano original,
uma busca da qualidade que Pedro Ludovico sonhou para nossa Capital. Uma
Goiânia que resgate sua proposta de cidade planejada. Uma Goiânia rediviva.
Este deve ser o compromisso de todos!
(*) Mestre em Geografia (UFG), Analista
Ambiental do IBAMA em Goiás.