Artigo publicado em O Popular, Caderno Opinião, em 25.12.2019
Potencial inexplorado
Ary Soares
“A geração de impostos em torno
desta cadeia produtiva por si só justifica maior atenção do poder público”
Apesca esportiva segue
sendo um grande potencial turístico pouco explorado em Goiás e no Brasil. É uma
atividade altamente sustentável, visto basear-se no pesque e solte e dependente
de uma complexa cadeia produtiva.
Uma interminável lista de petrechos; equipamentos e serviços compõem
a “cesta básica” que a movimenta, distribuindo renda do ribeirinho à grande
indústria. No aspecto da regulamentação Goiás está muito além da maioria dos
demais Estados. Aqui, há décadas, é proibida a pesca comercial e nos últimos
anos a cota zero, que proíbe o transporte de peixes de origem nativa, foi
implantada. Tais medidas, em tese, propiciam maior quantidade de peixes em nossos
rios e lagos.
Em uma projeção feita no âmbito do projeto de monitoramento de
peixes do lago de Serra da Mesa, realizado em parceria entre o Ibama e Anepe,
com apoio de pousadas, guias de pescas e pescadores, calculamos o potencial de
giro financeiro de parte dessa modalidade de pesca. Serra da Mesa, mesmo sem
uma política pública que favoreça a pesca esportiva, têm capacidade instalada
para recepcionar no mínimo 300 (trezentas) duplas de pescadores
simultaneamente, o que requer o apoio de ao menos 150 (cento e cinquenta) guias
de pesca. Pela remuneração atual seriam mais de 4 milhões de reais por ano
destinados apenas aos guias e isto considerando somente dois dias de pesca/guia
por semana!
O movimento econômico em pousadas e hotéis; postos de combustível e
outros serviços/produtos exigem projeções e tabulações mais complexas.
Propusemos ao Sebrae levantar esses números, o que até o momento não ocorreu.
Consultando a home page da Goiás Turismo verifica-se que o tema pesca
esportiva sequer é citado. A Goiastur e mesmo as prefeituras com tal potencial
deveriam ter em sua estrutura administrativa uma área destinada ao
desenvolvimento desta atividade.
A geração de impostos em torno desta cadeia produtiva por si só justifica
maior atenção do poder público, e mais, o retorno em termos de maior
investimento privado, ocupação e renda é garantido!
Ressalto que abordo aqui apenas Serra da Mesa. Os problemas e
oportunidades se reproduzem em maior ou menor escala em todo o Estado de Goiás:
Lago das Brisas; Serra do Facão; São Simão; Três Ranchos e tantos outros
roteiros de pesca esportiva estabelecidos, ou com potencial para tal, carecem de
atenção. O Rio Araguaia, que só enxergamos no mês de julho, é a prova cabal de
nosso desleixo com este verdadeiro “filão de ouro”.
A pesca esportiva em Goiás e no Brasil carece, com urgência, de atenção
e gestão por parte do poder público!